Dureza

Mabel Velloso

Habituada a ler as tiras diárias nos jornais, fiquei encantada ouvindo a fala do menino Luis Augusto Gouveia contando-me as novidades de Lucas no livro DUREZA. A menina que insiste em morar em mim pulou na mesa e ficou escutando feliz o desenrolar da preparação do campeonato de botão. Lucas chegou com a pontaria certeira jogando a roupa suja na cesta, saiu como um astro do basquete deixando, como sempre faz, lições para nós.

Lucas sempre comove a gente... a sua necessidade de ouvir explicações, o desejo de escutar seu pai dizer o que se "deve aprender em casa" e que o tempo curto de todos os pais não dá tempo... Nos comove lembrando a aula de sexo, pensando em cada colega, olhando seu corpo. Lucas nos leva a pensar: quantas vezes deixamos para depois a conversa importante, as respostas a tantos por quês!!!

Em Dureza, o menino Lucas nos diz tanto... Em suas perguntas, nos leva a perguntarmos a nós mesmos por que não estamos sempre prontos a responder francamente às crianças que estão a crescer como os seus questionamentos estão crescendo? É dureza não saber responder tudo!

DUREZA vai muito além do jogo de botão. É um alerta. Nos faz entender que na competição da adolescência é fundamental a presença dos pais explicando, respondendo, crescendo junto. Crescer faz crescer perguntas e cada adulto tem obrigação de procurar estar por perto, "dando bola", ajudando, sem permitir que os jovens se batam sozinhos.

A menina que vive em mim, a velha contadora de histórias que sou, encantaram-se com Lucas e seus amigos, com o Campeonato Espacial de Botão! O encantamento maior veio no entanto do encontro com esse Menino que fala o que todos nós precisamos ouvir para aprender com beleza e fantasia.